Não sabes criança? ‘stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas nevoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabeços da moça bonita
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agitava,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh’alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro
Não quebra seus elos,
Ó laço de fita!
Meu deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na praga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu...tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célebre valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! Findo o baile, despindo os adornos
N’alcova onde a vela ciosa...crepita...
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova...formosa pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c’roa ...
Teu laço de fita...
CASTRO ALVES: OLAÇO DE FITA